As emissões de carbono alcançaram o nível mais baixo enquanto a primeira usina sem subisídio de grande porte é inaugurada no Reino Unido.
O Reino Unido estabeleceu um novo marco para a energia limpa depois que a National Grid anunciou que neste verão a eletricidade que alimenta as casas e empresas do Reino Unido foi a mais verde analisada pelo órgão.
O recorde ocorre quando a primeira usina solar de grande porte feita sem subisídios do governo é inaugurada no Reino Unido, algo que o mesmo descreveu como um momento significativo para o setor de energia.
A análise da Nacional Grid sobre a geração de energia mostrou que a combinação de energia solar, eólica e nuclear – e a ausência de carvão – fez com que as emissões de carbono caíssem para o seu nível mais baixo durante a temporada.
Entre 21 de junho e 22 de setembro, a intensidade de carbono da rede elétrica – medida em gramas de C02 emitidas por KWh de energia gerada – foi reduzida em mais do que a metade do seu nível no mesmo período, há quatro anos.
Neste verão, quase 52% da energia do Reino Unido veio de fontes de baixo carbono, contra 35% em 2013.
Um número crescente de parques eólicos e usinas solares, junto com estações de energia nuclear e de gás natural, transformaram a fonte de energia do verão e novos recordes foram quebrados. Em uma sexta-feira de maio, os painéis solares forneceram ainda mais energia do que toda a frota nuclear do Reino Unido.
Duncan Burt, diretor do operador de sistema da National Grid, disse: “Foi um verão de recordes. A grande mudança fundamental foi o crescimento contínuo da energia eólica offshore e da energia solar fotovoltaica.”
“Nós passamos do patamar em que renováveis eram uma parte da matriz elétrica para o ponto em que elas se tornaram parte significativa, senão a maioria da matriz.”
Burt acrescentou que, embora o grupo tivesse gostado de ter visto alguns dias com mais vento e sol em agosto, eles lidaram bem com o desafio de gerenciar fontes de energia intermitentes, como a eólica, e esperam que a tendência continue.
Enquanto a National Grid disse que o uso de energia variável e renovável no sistema não está aumentando os custos do consumidor no momento, estudos mostraram que uma penetração muito maior de energia verde pode resultar em contas mais elevadas. Um relatório do UK Energy Research Center no início deste ano advertiu que balancear a energia eólica e solar aumentaria os custosao consumidor final. Isso se a rede elétrica não se flexibilizar com novas medidas, como o armazenamento por baterias, o que na verdade já está acontecendo.
A National Grid lançou ainda uma previsão da intensidade de carbono da rede, a fim de ajudar os consumidores a usarem o horário mais “ecológico” para ligar eletrodomésticos como máquinas de lavar roupa ou mesmo carregar um carro elétrico. Os melhores momentos para manter as emissões baixas ao fazer uma xícara de chá na terça-feira, por exemplo, são às 1h, às 14h30 e às 23h30.
Nesse novo impulso para energia verde, a ministra do clima, Claire Perry, vai inaugurar oficialmente na terça-feira uma fazenda solar em Bedfordshire, a declarada “primeira usina sem subsídio de seu tipo no Reino Unido”. Perry saudou esse como “um momento significativo para a energia limpa no Reino Unido”.
Instalações de usinas solares em larga escala caíram depois que o governo terminou os subsídios na primavera de 2016, mas o responsável pela nova instalação perto de Flitwick acredita que o armazenamento de energia as tornou financeiramente viáveis, mesmo sem suporte estatal.
“Solar por si só é muito difícil. O que estamos fazendo é transformá-la em um híbrido “, disse Steve Shine, presidente da Anesco, em referência aos 6MW de baterias que irão armazenar eletricidade gerada a partir da usina solar de 10MW durante o dia, para serem vendidos quando a energia elétrica estiver a melhor preço. A capacidade da usina é suficiente para abastecer o equivalente a cerca de 3.000 casas.
Shine disse que o projeto iria igualar ao valor com subsídios devido às baterias e a forma como a empresa reduziu os custos em quase um terço por meio de medidas específicas (como não enterrar os cabos).
“Eu realmente acredito que este é o futuro”, disse Shine, argumentando que a combinação de energia solar e baterias poderia ajudar a resolver os desafios energéticos do Reino Unido. “Não estamos construindo novos CCGT (Combined Cycle Gas Turbine), o carvão tem que sair, a energia nuclear precisa de muitos subsídios, a eólica offshore é obviamente boa, mas a energia solar tem o menor custo de vida a longo prazo.”
Separadamente, um relatório da Imperial College prevê que a combinação de energia solar e baterias poderia ser tão atraente para os consumidores em 2030 que as tecnologias poderiam “drenar as receitas do setor de serviços públicos como o de energia.”
Fonte: The Guardian
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