O cenário atual do setor de energia solar pode parecer confuso. Nós passamos os últimos meses do ano de 2022 sendo bombardeados por manchetes sobre “a nova taxa de energia solar”. Junto a isso manchetes sobre a nova lei ser postergada ou não. Tudo isso causou muitas dúvidas para os consumidores.

“Escape das taxas, invista no seu sistema ainda neste ano!”, “Não espere para ser taxado”, e variantes dão a impressão de um mercado incerto de energia solar a partir de janeiro de 2023. Diante disso a seguinte dúvida pode surgir:

A energia solar será inviável a partir de 2023?

De fato, quem investiu no ano de 2022 obteve uma condição mais interessante, pois as regras antigas são mais interessantes que as novas regras. Mas isso não quer dizer que o mercado vai desaparecer em 2023 ou que os investimentos não terão mais viabilidade.

Por que a nova lei é importante?

O marco Legal da energia solar, de fato, vai acrescentar uma cobrança para os novos consumidores, mas não é só isso: o Marco legal também traz maior segurança jurídica e regulatória para o crescimento sustentável do setor elétrico brasileiro e garante incentivos ao uso das energias limpas e renováveis.

Agora, o principal ponto para responder à pergunta tema deste texto é a análise de viabilidade deste investimento. Vamos dividir em uma análise para empresas e indústrias e outra para residências.

A viabilidade do sistema de energia solar para o setor empresarial e industrial

Existe uma condição que é imprescindível para entendermos se a energia solar vai ser viável, ou não, para o setor:  o fator de simultaneidade.

Fator de Simultaneidade

O Fator de simultaneidade mede qual a porcentagem da energia gerada é consumida automaticamente. Explicando com mais detalhes, imagine um galpão comercial que possui um sistema de energia solar fotovoltaica. Durante o dia a luz do sol chega aos painéis e a energia é gerada. Se este galpão tiver computadores ligados, lâmpadas acesas ou qualquer outro equipamento elétrico funcionando, a energia gerada é automaticamente utilizada nesses equipamentos. Como essa energia é gerada e é consumida imediatamente, ela não passa pelo medidor de energia e consequentemente não é computada. Apenas a energia “injetada na rede” que será “taxada”, de acordo com as novas regras.

Isso quer dizer que, quanto mais energia o estabelecimento utiliza durante o dia – ou seja, quando a energia está sendo produzida – menor será o impacto das novas regras neste sistema e consequentemente, terá maior viabilidade econômica.

A boa notícia é que, em geral, o fator de simultaneidade de edifícios comerciais é alto. Isso quer dizer que lojas, comércios, escritórios, indústrias e empresas em geral serão muito pouco impactadas pelas novas regras.

É importante lembrar que isso só se aplicará para sistemas, com a homologação solicitada após o dia 6 de janeiro de 2023. As empresas que já possuem o sistema instalado em suas unidades não terão nenhuma mudança.

A viabilidade do sistema de energia solar para residências

Já para residências o resultado desta análise será um pouco diferente. Em geral as residências utilizam a maior parte da energia durante a tarde e à noite, quando as pessoas retornam do trabalho.

Ou seja, uma grande parte da energia gerada pelo sistema de energia solar não vai ser utilizada automaticamente. Essa energia será “injetada na rede”, sendo computada pelo relógio de energia da casa e será convertida em créditos de energia.

Apenas os créditos de energia que são taxados, e é por isso, que o impacto das novas regras de energia solar será maior para sistemas instalados em residências pós o ano de 2023. Infelizmente teremos diversos casos em que o payback do sistema passa a ser alto, o que pode inviabilizar o investimento. É claro que esta análise deve ser feita com cautela, pois vai variar de acordo com os hábitos de consumo de energia de cada residência.

Observação: É importante lembrar que isso só se aplicará para sistemas, com a homologação feita após 6 de janeiro de 2023. As pessoas que já possuem o sistema instalado em suas casas não terão nenhuma mudança.

Concluindo

Após esta análise entendemos que, com a aplicação das novas regras, os sistemas para empresas e indústrias serão pouco afetados pelas novas regras, continuando com altas taxas de viabilidade.

Já para sistemas residenciais, a análise deve ser feita caso a caso, mas em geral o payback (ou seja, o tempo em que o sistema irá se pagar) será um pouco maior.

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